quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Nicolau Flamel

Nasceu em Paris e viveu de 1330 a 1418. Arquiteto da igreja parisiense de St. Jacques, de simbolismo hermético, da qual resta apenas sua famosa torre. Estudando o manuscrito alegórico de Abraham, o judeu, converteu-se num autêntico Mestre Alquimista. Em sua obra O Livro das Figuras Hieroglíficas, surgido em 1669, consta como conseguiu o manuscrito: “Quando faleceram meus pais tive que ganhar o pão escrevendo; naquele tempo adquiri um livro dourado, muito velho e volumoso. O livro compunha-se de três fascículos de sete folhas cada um e a sétima folha de cada um aparecia em branco. Na primeira folha via-se um báculo em torno do qual apareciam enroscadas duas serpentes; na segunda, uma cruz da qual pendia outra serpente e na sétima podia ver-se um deserto, no centro do qual brotavam formosas fontes; porém delas não saiam água senão serpentes que se arrastavam em todas as direções.
Na fachada do livro, lia-se: “O judeu Abraham, príncipe, sacerdote, levita, astrólogo e filósofo”. Na terceira folha explicava-se como se transformavam os metais. Junto ao texto reproduziam-se dois recipientes, davam as cores e todos os detalhes, exceto a Pedra Filosofal, a qual aparecia reproduzida com grande arte e forma tal que cobria por completo as páginas quatro e cinco”. Posteriormente, Flamel mandou colocar essas figuras no cemitério parisiense dos inocentes. Dos relatos houve um que o impressionou bastante: “Um rosal florido no meio do jardim; no solo junto às rosas uma fonte da qual emanava água branquíssima, que logo a uma distância respeitável precipitava-se num abismo. Muitas pessoas cavavam ao longo de seu curso, com as mãos na terra, tratando de encontrar a fonte, porém não conseguiam êxito porque eram cegas; somente um foi capaz – ele encontrou a água”.

Esta é realmente uma das maiores simbologias Alquimistas, pois expressa claramente o significado do Grande Arcano. A rosa indica a cristalização dos corpos solares. A fonte simboliza a transmutação; é a fonte da água viva da qual falava Jesus. A humanidade inconsciente busca essa fonte e apesar de tê-la tão perto não a encontra; a água é desperdiçada, caindo nos abismos. Somente o adepto, o Iniciado, é o único capaz de valorizar as águas seminais. Flamel finalmente conseguiu captar o sentido dos processos, porém seguia sem compreender o processo da matéria prima. Consultou então sua esposa Perenelle, a qual imediatamente dedicou-se com idêntico fervor a estudar o misterioso livro. Com isto, Nicola Flamel nos indica que é necessária a mulher para realizar a Grande Obra. Marchou logo em peregrinação até o sepulcro do apóstolo Santiago, na Espanha, encontrando-se com o Mestre Canché, o qual indicou-lhe os fundamentos do Magistério. Flamel narra sua Iniciação da seguinte maneira: “Todavia trabalhei uns três anos, até que finalmente encontrei o elixir (havia trabalhado 21 anos) que imediatamente se reconhece por seu forte odor. Primeiro o projetei sobre uma libra e meia de mercúrio e obtive desse modo igual quantidade de prata; isso ocorreu em minha casa, estando presente unicamente minha esposa Perenelle; mais tarde, atendo-me escrupulosamente a cada palavra de meu livro, projetei a pedra vermelha sobre uma quantidade quase igual de mercúrio na mesma casa e de novo estava presente minha esposa Perenelle. Realizei a obra por três vezes com a ajuda de Perenelle, pois como havia-me ajudado no trabalho, o entendia exatamente como eu”. Flamel, a partir  de 1380, começa a se dedicar a experimentos alquímicos, consegue produzir prata em torno de 1382 e  depois finalmente a transmutação em ouro. Cerca de dez anos mais tarde ao início dos experimentos,  começa a realizar um grande número de obras de caridade como a construção de hospitais, igrejas,  abrigos e cemitérios e os descora com pinturas e esculturas contendo símbolos alquímicos. 
Flamel, apesar de sua súbita fortuna, possuía uma modesta residência e usava roupas humildes. Mas  suas vultuosas doações levantaram suspeitas do rei Carlos V que havia proibido, jáem 1379, todas as  práticas alquímicas mandando inclusive, destruir todos os laboratórios que supostamente fabricasse  ouro alquímico. O rei enviou o chefe das finanças para investigar a origem de sua fortuna. Acredita-se  que Flamel tenha sido franco com o emissário do rei, tendo inclusive lhe dado um pouco da pedra  filosofal. Este voltou sensibilizado com dignidade de Flamel, nada relatando ao rei e durante muitas  gerações a pedra ficou guardada em sua família. Escreveu "O Livro das Figuras Hieroglíficas" em 1399, "O Sumário Filosófico" em 1409 e "Saltério  Químico" em 1414.  Relatos mencionam que o casal, aos 60 anos de idade, possuía um aspecto jovem não condizente com  as pessoas da mesma faixa etária da época. Flamel faleceu em 1417, porém alguns viajantes relatam  terem o encontrado no oriente com sua esposa , após sua suposta morte. Ele teria sido um ser  iluminado que quis viver entre os homens. Acredita-se que todo o relato de Flamel desde o encontro do livro até  a peregrinação a Santiago de  Compostela e seu encontro com o mestre são alegorias para explicar a matéria-prima e o  conhecimento adquirido através do estudo da alquimia.

Oração de Nicolas Flamel

Ao que parece Flamel precedia toda operação alquimica com uma oração que lhe era particular.  Ela é ainda hoje usada pelos praticantes que desejam enveredar pelo caminho da alquimia. Ela deve ser memorizada e repetida mentalmente todas as noites até adormecer e também em qualquer momento de ócio mental, durante a ginástica, no banho, cozinhando etc. Isto irá fazer com que você tente atingir os objetivos alquímicos involuntariamente, lendo e se dedicando mais as práticas alquímicas.

Deus todo-poderoso, eterno, pai da luz, de quem provém todos os bens e todos os bens perfeitos, imploro vossa misericórdia infinita; deixai-me conhecer vossa sabedoria eterna; aquela que circunda vosso trono, que criou e fez, que conduz e conserva tudo.
Dignai-vos enviá-la do céu a mim, de vosso santuário, e do trono de vossa glória, a fim de que ela esteja em mim e opere em mim; é ela que é a senhora de todas as artes celestes e ocultas, que possui a ciência e a inteligência de todas as coisas.
Faz com que ela me acompanhe em todas as minhas obras que, por seu espírito, eu tenha a verdadeira inteligência, que eu proceda infalivelmente na nobre arte à qual estou consagrado, na busca de miraculosa pedra dos sábios que ocultastes ao mundo, mas que tendes o hábito de descobrir ao menos a vossos eleitos.
Que essa grande obra que tenho a fazer cá embaixo seja começada, continuada e concluída ditosamente por mim; que, contente, goze-a para sempre. Imploro-vos, por Jesus Cristo, a pedra celeste, angular, miraculosa e estabelecida por toda eternidade, que comanda e reina convosco.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

RAIMUNDO LULO ou Ramón Llull

Vamos, a título de reflexão, conhecer a vida e obra de alguns dos maiores Iniciados que conheceram e vivenciaram a Senda da Iniciação e a revestiram com a roupagem alegórica da Alquimia.

RAIMUNDO LULO ou Ramón Llull, mais conhecido como Raimundo Lulio (Dr. Iluminação), foi discípulo de Arnoldo de Vilanova. Nasceu em Palma de Mallorca em 1234. Durante os primeiros 30 anos levou uma vida dissoluta e vazia. A morte da mulher amada comoveu-o profundamente. A Raimundo Lulio molestava a negação da imortalidade do homem e dedicou-se apaixonadamente a refutar aos Averrores, desprendendo o mesmo entusiasmo na conversão dos maometanos. Morreu no ano de 1315. O teólogo acreditava na Astrologia; ensinou em Palma de Mallorca, Paris e Montpellier e sua doutrina está tão identificada com os ensinamentos Gnósticos e árabes, que pode ser considerado como um dos profetas da Arte Alquimista. Do mesmo modo que seu colega Arnoldo de Vilanova, acreditava na efetividade da Pedra Filosofal. Raimundo Lulio, em seu livro Clavículas, diz: “Por isso os aconselho que não obreis com o Sol (homem) e com a Lua (mulher) senão depois de havê-los levado a sua matéria prima (energia sexual) que é o enxofre e o mercúrio dos filósofos. Ó filhos meus! Aprendei a servi-vos dessa matéria venerável, porque os advirto sob a fé de juramento, de que se não sacais o mercúrio desses metais, trabalhareis como o cego na obscuridade e na dúvida. Por isso, ó filhos meus! Os conjuro a que marcheis até a Luz com os olhos abertos e não caiais como cegos no Abismo
BlogBlogs.Com.Br